Celebrado em 13 de fevereiro, a data reforça o compromisso das emissoras com a credibilidade e confiança, seu papel de uma plataforma essencial para o discurso democrático.

Por Fernanda Nardo


“Radio e Confiança”: esse é o tema da campanha da UNESCO neste ano, para comemorar o Dia Mundial do Rádio, em 13 de fevereiro. A data, criada pela própria UNESCO, tem a intenção de celebrar uma das mídias mais confiáveis e acessadas do mundo, que proporciona há mais de um século uma maneira única de acessar conteúdo de credibilidade, estreitar laços, emocionar e alimentar paixões, afinal, rádio é emoção!

O rádio é um meio poderoso para celebrar a diversidade humana e constitui uma plataforma essencial para o discurso democrático. Segundo a UNESCO, o rádio continua a ser o meio mais consumido no globo. Essa capacidade única de alcançar o público mais amplo faz do rádio uma arena para todas as vozes se manifestarem, serem representadas e ouvidas.

De acordo com o pesquisador e coordenador do Núcleo de Estudos de Rádio da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Luiz Artur Ferraretto, as emissoras devem atender a diversas comunidades, oferecendo uma ampla variedade de programas, pontos de vista e conteúdo, e refletir a diversidade de públicos em suas organizações e operações.

“Acho muito importante neste momento a UNESCO estar trabalhando rádio e confiança, nós temos graves ameaças à democracia, e o rádio pode influenciar positivamente no desenvolvimento humano, utilizando essa proximidade e confiança. Teremos um ano difícil no Brasil, devido às eleições, e o papel do rádio é estabelecer o diálogo, ele é uma ferramenta que conversa com o público e vários setores da sociedade”, afirmou.

No entanto, um dos grandes desafios do rádio para continuar sendo este meio de comunicação que gera confiança e credibilidade, é entender que o seu papel é fornecer conteúdo de qualidade, corretamente checado, para assim manter sua audiência e proximidade com os ouvintes.

“O papel do rádio tem que ser de equilíbrio, de verificar os fatos, escolher boas fontes e, se errar, também é preciso admitir que errou e fazer as correções necessárias. A gente tem a obrigação de dar o relato o mais próximo possível do fato. Portanto, se é fake não pode ser notícia, pra ser notícia tem que ser verdadeira”, pontua Ferraretto.

Quando as histórias pessoais se entrelaçam com o rádio

Emoção e rádio são duas coisas muito próximas, inclusive, pra quem trabalha no meio. São histórias e momentos que marcam, que mexem com o imaginário, e que promovem uma conexão para toda a vida. Com o professor Ferraretto não é diferente, porque além de ser profissional do rádio, é antes disso, ouvinte. 

Ele se lembra do momento decisivo em sua vida, que passou de ouvinte para a vontade de se tornar um profissional do rádio. Segundo ele, tudo começou durante uma transmissão sobre uma manifestação de estudantes contra a ditadura militar. Ele ouviu na rádio a reportagem, e isso foi impactante em sua vida.

“Ali eu senti pela primeira vez a vontade de fazer alguma coisa naquele sentido, eu não pensava em trabalhar no rádio, ser jornalista, queria ser engenheiro. Mas quando eu ouvi a transmissão, todo aquele som ambiente, o repórter descrevendo os fatos, as entrevistas, pra mim foi muito impactante. Anos depois, na rádio Gaúcha, ocorreu uma manifestação de estudantes no mesmo local, e eu era o repórter que estava cobrindo tudo aquilo, fazendo as entrevistas, me lembro do mesmo som ambiente, e claro, com toda a emoção do momento. Rádio pra mim é emoção”, conta.

E não são apenas os profissionais que têm boas histórias do rádio que marcaram suas trajetórias, e quando o tema é rádio e futebol, é emoção na certa. É o caso do torcedor do Athletico Paranaense, Heckley Vaz Pinto, de 31 anos, que aprendeu a gostar de futebol com sua tia-avó, Mari Pedroso, já falecida. Ele conta que o rádio intensificou sua paixão pelo futebol.

“Nos anos de 1990, uma das únicas formas de acompanhar os jogos dos clubes paranaenses era pelo rádio ou indo até o campo. Sempre gostei do rádio, ele traz essa imprevisibilidade, trabalha com a imaginação, isso sempre me trouxe muito mais emoção na hora de acompanhar os jogos”, conta.

O ouvinte destaca como o rádio também era utilizado como um instrumento de provocação e brincadeiras com os vizinhos, que torciam para o time adversário.

“Nos dias de jogos do Coritiba, nosso vizinho nos provocava aumentando o volume do rádio a cada gol do seu time. Já nos dias de reversa alviverde, a cada gol que o Coritiba sofria o volume do rádio ficava mais baixo. Como provocação, minha tia perguntava, se eles ouviam jogo no mudo? Era muito divertido toda aquela brincadeira”, lembra o torcedor que ainda diz acompanhar os jogos pelo rádio.

Dicas UNESCO

Para conhecer melhor a campanha “Rádio e Confiança”, acesse o site da Unesco. Lá é possível baixar materiais institucionais, spots e há também uma lista com várias dicas de como cada emissora pode comemorar o “Dia Mundial do Rádio”.