Diante de um cenário de profundas incertezas políticas e econômicas, o cientista político Carlos Melo avalia que a melhor saída para discutir temas sensíveis ao setor da radiodifusão, como a desoneração da folha e o projeto de terceirização, é a aproximação dos sindicatos patronais com o parlamento brasileiro. “É hora de construir uma visão de ganha, ganha. Em que empresas, funcionários e os próprios políticos ganhem, e isso poderá acontecer através de uma interação franca e transparente entre todos esses agentes”, defendeu Melo durante o 1º Seminário de Negociações Coletivas, promovido pela Federação Nacional das Empresas de Rádio e Televisão, que ocorre nesta terça-feira, 28/04, em São Paulo.

Carlos Melo, que também é articulista do jornal Estado de São Paulo e Professor Universitário do Insper – Instituto de Ensino e Pesquisa, fez uma ampla análise da conjuntura econômica e política do país, e procurou traçar alguns possíveis cenários para o Brasil. “A certeza é de que a curto prazo vai piorar. O cenário é muito precário porque não se consegue enxergar qual é o rumo. Para fazer ajuste de melhor qualidade é preciso liderança política e isso nós não temos”, avalia.

Para ele, a atual situação ocorre devido a sucessivos erros políticos, que começaram ainda no primeiro mandato da presidente Dilma. “O desafio de Dilma era dar continuidade ao processo iniciado pelo governo Lula. Ela continuou a expansão do crédito, mas esqueceu da oferta. Ela não entendeu o seu desafio”.

Aliado à deterioração da economia, ao enfrentamento com o Congresso, especialmente com Eduardo Cunha, ao discurso errado do “nós” contra “eles”, ao estouro da Operação Lava Jato, às manifestações das ruas, e uma série de agendas negativas, o país vive hoje um presidencialismo sem poder e um parlamentarismo sem legitimidade, e uma ampla crise de expectativas. “A pergunta que fica é se o governo irá conseguir reagir a todas essas frentes de conflito”, concluiu Melo.

 

Fonte: FENAERT